Pedrão sofria de calvície pubiana. Não gostava de admiti-lo, mas sofria. O problema começara havia alguns anos e, desde então, aterrorizava-o. Evitava ir a banheiros públicos porque, quase sempre, transformava-os em banheiros púbicos, se bem me entendem. Complexado que era, encontrava em sentenças amigáveis como "espancar o careca" motivo de dor e sofrimento, mesmo que proviessem de seus amigos pertencentes a uma facção dissidente de skinheads, que tinha como fim último a eliminação dos deprovidos de cabelo da sociedade.
Como é típico, Pedrão procurava compensar seu defeito com bens materiais. Não sendo exatamente um homem de posses, contentava-se em comprar colchões de molas individualmente ensacadas e grelhas tamanho jumbo família que escorriam a gordura dos alimentos, garantindo uma refeição mais saudável e balanceada, de vez em quando.
Certa vez decidiu procurar ajuda especializada.
"Vá a um médico", disse a meretriz.
Resolveu ir a uma clínica de implantes. Indagado sobre a origem de sua angústia, Pedrão, um pouco titubeante, descreveu a situação ao médico.
"E qual é o problema?", disse o doutor, "Assim você fica parecendo um ator pornô. As vadias se amarram".
Nosso inafortunado amigo não se deixou convencer. Iria fazer aquele implante de qualquer forma. Para arcar com seu custo, Pedrão precisou vender sua casa, seu colchão de molas individualmente ensacadas e sua grelha tamanho jumbo família que escorria a gordura dos alimentos, garantindo uma refeição mais saudável e balanceada.
Com o dinheiro em mãos, dirigiu-se à clínica, onde ficou sabendo que os fios implantados seriam tirados de sua cabeça, o que lhe pareceu bastante justo.
Findo o procedimento, Pedrão era um novo homem. Decidiu exibir seu novo e mais confiante eu.
Mal dobrou a esquina, um "espanca o careca!" ressoou em seus ouvidos. "Hahaha, esses garotos!", pensou Pedrão, pouco antes de levar uma pedrada na cabeça.